Correio BrazilienseCAROLINE MARIA
O Arte e Estética é uma experiência de poucos, para todos. O projeto mais ousado e premiado do Espaço Mosaico (714/715 Norte) recebe, até o dia 30, sete espetáculos — com, no máximo, dois atores em cena. Não são peças comerciais, nem para grandes teatros: de perto, a plateia acompanha desde a pesquisa de novas linguagens cênicas, com foco na atuação, até a menor das sensações. A mostra, com entrada franca, conta com a participação de grupos locais, nacionais e internacionais.
Nas duas edições anteriores, o Mosaico trouxe atores e espetáculos aclamados, como os paulistas O doido, com Elias Andreatto, indicado ao prêmio Shell de melhor ator, e Comunicação a uma academia, com a atriz Juliana Galdino, indicada na categoria feminina. Neste ano, a programação verticaliza ainda mais o campo de pesquisa e aposta na convocação de performances plurais, como ARS erótika (México e Equador) e A construção (São Paulo), com Caco Ciocler. “O grande destaque é a versão experimental de Caco Ciocler. A seleção prezou pela qualidade dos artistas, todos reconhecidos e respeitados no meio”, afirma Cláudio Chinaski, coordenador do projeto.
A peça Mini Cabaré Tanguero, dirigida pela atriz e bailarina argentina Julieta Zarza, inaugurou o Arte e Estética 2012. O espetáculo de variedades, com base na dança, no humor e na música, apresenta um pitoresco cabaré portenho. Nele, a palhaça Zulpeta conduz personagens diversas em cena, como a cantora, a protestante e a professora estrangeira (uma representação do tango em versão gringa e estereotipada).
“O tango é o eixo fundamental do espetáculo. É um trabalho de interpretação forte de sustentar, o que, para mim, é muito intenso e feliz porque consegue juntar minhas artes esquizofrênicas”, conta Zarza. Com trilha sonora autoral e pouquíssimo texto, há no trabalho um apelo visual e corporal, com cenário minimalista, sombras e projeções. Em seguida, a capital aparece bem representada pelos espetáculos Para acabar com o julgamento de Deus, de Adeilton Lima, dias 6 e 7, às 21h, e Eros impuro, com Jones de Abreu e direção de Sérgio Maggio, nos dias 8 e 9, às 21h, e 10, às 20h.
Apoiado na obra homônima de Antonin Artaud, cânone da investigação teatral, Para acabar com o julgamento de Deus traduz — de forma “nua e crua” — a essência do Teatro da Crueldade, inaugurado pelo teatrólogo francês. “Dentro do que Artaud propunha, tento trabalhar o aspecto ritualístico da encenação. É um ritual e é rigorosamente um trabalho de interpretação”, explica Adeilton Lima. A reflexão sobre a condição humana também é assunto de Eros impuro. “Vivo Andrei, pintor obcecado por uma imagem. Foi um processo desafiador e muito angustiante lidar com essa sensação”, confessa Jones de Abreu.
Nos dias 13 e 14, às 21h, os atores Caco Ciocler e Ricardo Grasson apresentam A construção, considerada a grande ficção autobiográfica de Kafka em sua fase terminal. Em seguida, Deuses: da origem do universo à origem do teatro, com Emerson Miranda (Minas Gerais), lança reflexão sobre o princípio do teatro e das primeiras civilizações, nos dias 15, 16 e 17.
O aguardado ARS erótika, espetáculo que subverte o romantismo e questiona os padrões estabelecidos em uma relação amorosa, será encenado nos dias 22, 23 e 24 — sexta e sábado, às 21h, e domingo, às 20h. “Os amantes encontram maneiras alternativas para tornar a vida sexual um campo de investigação e de jogo, onde tudo é permitido”, antecipa a atriz e artista plástica venezuelana Mabel Petroff, em cena com o ator mexicano Bruno Castillo. A manauense Cia. Cacos, que passou pelo Mosaico no início de maio com outras performances, encerra a programação do Arte e Estética com OFF Inferno ou Lave os céus para que eu morra, de Francis Madson, sexta e sábado, às 21h.
ARTE E ESTÉTICA 2012
Mostra teatral, até 30 de junho, no Espaço Mosaico (714/715 Norte). Entrada franca.
ARTE E ESTÉTICA 2012Mostra teatral, até 30 de junho, no Espaço Mosaico (714/715 Norte). Entrada franca.PROGRAMAÇÃOMini Cabaré Tanguero, com Julieta Zarza (Argentina)Dias 1 e 2, às 21h. 3, às 20hNão recomendado para menores de 16 anos
Para acabar com o julgamento de Deus, com Adeilton Lima (DF)Dias 6 e 7, às 21hNão recomendado para menores de 14 anosEros impuro, com Jones de Abreu (DF)Dias 8, 9, às 21h, e 10, às 20hNão recomendado para menores de 16 anosA construção, com Caco Ciocler (SP)Dias 13 e 14, às 21hNão recomendado para menores de 16 anosDeuses: da origem do universo à origem do teatro, com Ederson Miranda (MG)Dias 15, 16, {as 21h, e 17, às 20hNão recomendado para menores de 16 anosARS erótika, com Mabel Petroff (Equador) e Bruno Castillo (México)Dias 22 e 23, às 21h, e 24, às 20hNão recomendado para menores de 16 anosOFF Inferno ou Lave os céus para que eu morra, com Francis Madson da Cia. Cacos (AM)Dias 29 e 30 de junho, às 21hNão recomendado para menores de 16 anos
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