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sexta-feira, 8 de junho de 2012

O retrato inacabado



CAROLINE MARIA
Correio Braziliense

Eros impuro sintetiza no título as ambiguidades da arte: o limite tênue entre devaneio e lucidez, erotismo e pornografia. No palco, essas fronteiras estão sublinhadas na história de Andrei, pintor obcecado por uma imagem que o atormenta desde menino. Interpretado por Jones Abreu, com texto e direção de Sérgio Maggio, o monólogo integra a terceira edição do projeto Arte e Estética, no Espaço Cultural Mosaico (714/715 Norte), com apresentações hoje e amanhã, às 21h, e domingo, às 20h.
No palco, o quadro ganha camadas à medida que a trama se desenrola. Atormentado pelo retrato inacabado, a obsessão de Andrei emoldura um conflito mais profundo: um caso mal resolvido de abuso sexual na infância. “O desejo de terminar a imagem é, essencialmente, uma tentativa de se entender melhor”, conta Abreu, desafiado pelo primeiro solo em 25 anos dedicados ao teatro.
Durante a construção da personagem, o ator fez laboratórios no Hospital Pronto Atendimento Psiquiátrico (HPAP) e investigou todo um leque de transtornos psicológicos. “No monólogo você vai muito mais fundo, não há um companheiro para ajudá-lo”, pontua. O espetáculo não é recomendado para menores de 16 anos.

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