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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

"Eros Impuro é um grito de arte que responde ao ato ignóbil do abuso sexual que marca para todo o sempre. E o grito é bem alto, para ninguém fingir que não ouviu", Miguel Arcanjo Prado, R7

"A surpreendente delicadeza com que o tema do abuso infantil é levado à cena minimiza o peso, mas jamais esvazia a mensagem final", Dirceu Alves Jr, Veja SP

EROS IMPURO EM PORTO ALEGRE
                                         
Caravana Eros Impuro faz quatro sessões no Sesc, propõe um painel de debate sobre o abuso sexual e comanda uma oficina sobre crítica teatral. Todas as atividades são gratuitas

Eleito melhor texto teatral de 2013 pelo portal de notícias R7, o espetáculo Eros Impuro segue itinerância nacional pelo Fundo de Apoio à Cultura do GDF (FAC) e aporta no palco do SESC entre os dias 18 a 20 de fevereiro, às 20h, com sessão dupla dia 19 (às 18h e às 20h). A entrada é franca. A peça do coletivo Criaturas Alaranjadas Cia. de Teatro (Brasília) discute um tema urgente à sociedade: o abuso sexual contra menores. Além das quatro sessões, haverá o painel de debates (A arte diz não ao abuso sexual contra crianças e adolescentes), no dia 19 (após a sessão das 20h); e a oficina O exercício da crítica teatral, de 18 a 20 de fevereiro, das 10h às 13h, Serão 20 vagas com inscrições gratuitas para profissionais, estudantes e amantes do teatro pelo email: erosimpuro@gmail.com.
Em 2013, o espetáculo circulou por oito capitais, fez 53 sessões e foi visto por mais de 2,5 mil espectadores. Com estreia em abril de 2011, já esteve em festivais em Brasília. Vitória, Goiânia e Recife, além de turnês em Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Belém, Fortaleza, João Pessoa, São Luis e São Paulo, onde fez temporada de 25 sessões com êxito de crítica.
Inspirada inicialmente nos limites da arte erótica e no caos da criação artística, que envolve sanidade e loucura, a montagem Eros Impuro é fruto da fruição artística do diretor-dramaturgo Sérgio Maggio, que teve a ideia da obra depois da experiência criativa de observar uma tela do ator, artista plástico e protagonista da peça Jones de Abreu. A partir do quadro - que pontua como um gesto cotidiano pode incitar um pensamento erótico -, o roteiro foi criado propondo um questionamento sobre as sequelas do abuso sexual.
Vítima de abuso sexual, o personagem Andrei busca se livrar da angústia que o persegue por meio da arte. O artista plástico acredita que encontrará sua redenção quando conseguir reproduzir na tela a mesma energia sentida no momento do ato de violência. Como os modelos vivos usados por Andrei são garotos de programa, sua obra é vista como pornográfica, suja. O pintor é julgado e marginalizado pela sociedade conservadora, que tem dificuldade em lidar com o erótico, e ele é obrigado a seguir sua carreira sem acesso a galerias e acuado em seu processo obsessivo de criação.


Sobre a montagem
Para criação da personagem Andrei, no processo de laboratório para viver o pintor, o ator Jones de Abreu visitou um hospital psiquiátrico em Brasília. Conversou com pacientes vítimas de abuso sexual, “algumas de sexualidade muito aflorada”, e que, portanto, são censurados pela sociedade. De sua visita à clínica, Jones tirou muitas características de seu personagem – principalmente de uma mulher que desenvolveu neuroses por ter sido vítima de violência sexual cometida, quando era criança, pela mãe.

De acordo com Sergio Maggio, a encenação foi criada de forma compartilhada na sala de ensaio, “para que os artistas cênicos - iluminador, cenógrafo, trilheiro - criticassem e se inspirassem. Assim, o texto foi contaminado nesse processo de desconstrução”. O método de criação e de ensaio resultou em um roteiro estruturado em três planos, três camadas de linguagem - consciente, memória e delírio. O consciente de Andrei (o aqui e agora) pinta a tela sob testemunho do público. No plano da memória, Andrei vive diversos personagens e vai resgatando seu drama. O plano do delírio discute o que é real do que é loucura - a questão da sanidade, da alucinação, o artista sendo taxado de louco, o caos da criação.

Eros Impuro tem figurino inspirado na obra de Arthur Bispo do Rosário - um parangolé, espécie de manto usado pelo ator. O cenário reproduz uma tela em branco que vai sendo pintada à medida que a iluminação traça seu desenho. A trilha sonora inclui trechos de peças radiofônicas do ator e diretor francês Antonin Artaud. Também há o recurso da projeção de vídeos caseiros, retratando casais em relações sexuais e projeções de obras de artes eróticas. A companhia Criaturas Alaranjadas nasceu em Brasília, em 2007, quando Sergio Maggio conheceu Jones de Abreu.



EROS IMPURO.
DIREÇÃO E TEXTO – SÉRGIO MAGGIO. COM JONES DE ABREU. PRODUÇÃO EXECUTIVA: CLAUDIA CHARMILLOT. ILUMINAÇÃO: VINICIUS FERREIRA E JULIANA DRUMMOND.  TEMPORADA: 18 A 20 DE FEVEREIRO, ÀS 20H, com sessão dupla dia 19h, às 18h e 20h, NO SESC (AV. ALBERTO BINS, 665 - CENTRO HISTÓRICO,
3284.2072).  
ENTRADA FRANCA. SENHAS DISTRIBUÍDAS COM MEIA HORA DE ANTECEDÊNCIA..
NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 18 ANOS.

OBSERVAÇÕES: NO DIA 19 DE FEVEREIRO, DEPOIS DA SESSÃO DAS 20H, HAVERÁ O DEBATE A ARTE DIZ NÃO AO ABUSO SEXUAL CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES.
INSCRIÇÃO PARA A OFICINA DE CRÍTICA TEATRAL (DE 18 A 20 DE FEVEREIRO) PELO EROSIMPURO@GMAIL.COM



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