


HELENA, DE DAVID





Sandra Coutinho
É preciso ter coragem para falar de certos temas. Acho que, às vezes, só o teatro tem condições de encarar de frente questões que a sociedade moralista evita e esconde nos tapetes. A arte erótica, muitas vezes confundidas com pornografia, é matéria-prima, no sentido mais metafísico possível do espetáculo Eros Impuro. O quadro do pintor Andrei, que é capaz de derrubar corpos hipócritas no chão, é ponto de partida para reflexão sobre o valor da obra de arte, que nada tem a ver com a sua transformação numa mercadoria de consumo de galeria.
Underground, lado B do que se vende nos leilões, a arte defendida por unhas e dentes pelo ator J. Abreu (também pintor, li no programa da peça) é teatro vivo que não está no palco para agradar aqueles que querem emendar uma peça com jantar à luz de velas. Saí prenhe de energia, vibração, pensamento com esse espetáculo brasiliense.
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